Consagrado como o produtor brasileiro mais bem sucedido internacionalmente, Rodrigo Teixeira, fundador da RT Features, participou do F+E - Formação de Empreendedores Audiovisuais, nesta sexta-feira (28), no auditório do Sebrae, em Goiânia, apresentando o painel de abertura “Entre a Arte e o Mercado – A História da RT Features”.

Na cerimônia de abertura do evento também estiveram presentes a coordenadora da Regional Metropolitana I do Sebrae Goiás, Elaine Moura; o chefe do escritório da Agência Nacional do Cinema (Ancine) em Brasília, Leandro Martins; e o diretor no Centro-Oeste da Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste (Conne), Renato Barbieri.

Antes de dividir com o público um pouco de sua trajetória profissional, por volta das 20h50, Rodrigo elogiou a iniciativa e destacou o pioneirismo do evento. Segundo ele, existem poucos projetos no país focados especificamente na formação de produtores audiovisuais. “Eu acho que esse é um evento que deveria ser replicado em outros lugares ou que cresça o suficiente para ocupar mais duas ou três salas como essa”, disse.

Durante o painel, o produtor revelou que antes de iniciar sua carreira no ramo cinematográfico trabalhava no mercado financeiro. Já era apaixonado pela sétima arte desde os 13 anos de idade, quando assistiu pela primeira vez Os Bons Companheiros, dirigido por seu ídolo, e hoje parceiro de trabalho, Martin Scorsese.

Quando começou a atuar com a RT Features, um dos títulos responsáveis por catapultar a produtora para o mercado internacional foi O Cheiro do Ralo, lançado em 2006. Rodrigo havia adquirido os direitos sobre o livro homônimo de Lourenço Mutarelli, para transformá-lo em filme. Ele conta que o projeto só se tornou realidade após muitas respostas negativas, mas acabou virando um sucesso, levando o cinema brasileiro a um novo patamar.

De acordo com Rodrigo, é imprescindível que o produtor seja alguém sensível a boas histórias. O profissional deve saber identificar um bom roteiro para, assim, enxergar o potencial de determinado projeto. Para isso, é indispensável gostar de cinema.

A história do filme Frances Ha, também produzido pela RT Features, é um dos exemplos que justificam a necessidade dessa percepção. Segundo Rodrigo, vários elementos poderiam ser motivos de descrédito para o projeto, como o fato de ser filmado em preto e branco e ter uma atriz até então desconhecida para o papel principal.

“A gente percebeu que tínhamos feito um negócio muito especial. As pessoas iam abraçar a gente, pessoas que eu admirava vinham elogiar o filme”, contou o conferencista sobre a exibição de Frances Ha em um festival. O longa teria sido, inclusive, inspiração para o diretor Alexander Payne realizar Nebraska, filme indicado ao Oscar em 2014.

Ao finalizar a apresentação do painel, Rodrigo falou também sobre o atual momento do cinema nacional, que tem sido um dos setores a enfrentar os cortes de verbas para projetos culturais. “Dinheiro público é importante, mas precisamos de um plano B”, afirmou. Para o produtor, é necessário dialogar com as gestões governamentais, para que a área audiovisual não sofre impactos ainda maiores decorrentes dos cortes orçamentários.

O F+E segue com programação até o próximo domingo (30), com minicursos, laboratório e painéis abertos ao público. Programação completa aqui.